O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) regional Litoral Norte, cuja Central de Regulação está em São Sebastião, presta um atendimento pioneiro via WhatsApp aos moradores da comunidade isolada da Praia do Bonete, em Ilhabela.

“Atendemos solicitações oriundas dos quatro municípios. Com relação à Ilhabela, percebemos no ano passado que os moradores do Bonete tinham uma grande dificuldade em acionar recursos quando se deparavam com alguma situação de urgência ou emergência. Diante disso, elaboramos um projeto, que foi encaminhado para o Ministério da Saúde, solicitando a aprovação da implantação de uma comunicação dos moradores com a Central de Regulação via WhatsApp, visto que lá não há telefone, mas é possível se conectar à internet via satélite”, explicou a Coordenadora Geral do SAMU Litoral Norte, Dilmara Oliveira Abreu.

A Praia do Bonete conta com um Posto de Saúde, onde trabalha uma enfermeira e que recebe visitas de um técnico de enfermagem. “Por conta da dificuldade de acesso à praia, do tempo resposta que há em uma solicitação em situações de emergência para a retirada da vítima da praia, o Ministério da Saúde deu parecer favorável para a implantação do projeto, que teve início como piloto no final ano passado e está sendo oficializado agora”, contou Mara.

Segundo ela, o que é preconizado na portaria que embasa o SAMU é que toda solicitação para atendimento de urgência tem que ser via 192 e deve ser gratuito ao usuário, e a internet tem custo. “Toda comunicação feita com o SAMU, até a interna – via rádio –, é gravada. Conseguimos isso pelo whats via backup, mas é outra linha de comunicação. Por conta dessas ponderações houve a necessidade de o projeto ter a avaliação do Ministério”, informou.

Já houve vários atendimentos no local, exclusivamente de urgência e emergência. “Temos um tablete na Central que fica ao lado do médico, e a enfermeira de lá manda mensagem quando necessário, então o médico orienta o procedimento dos primeiros socorros com a vítima, e nós acionamos os recursos para a retirada da vítima do local, com o apoio do GBMar ou Defesa Civil ou, quando não há condição de navegação, do helicóptero Água da PM”, continuou Mara.

Nenhum outro local em todo o país conta com esse serviço. “Somos pioneiros. Começamos aqui, deu muito certo, e existe já o intuito de abranger esse serviço pra áreas com as mesmas especificações do Bonete”, finalizou.

Para o enfermeiro da equipe do PSF que acompanha as comunidades tradicionais, Gerson Margarido dos Santos, esse serviço é extremamente importante. “Esse suporte que o SAMU nos dá é crucial para o primeiro atendimento através do acolhimento, do pré-atendimento. Dá segurança para nós, fortalece muito o atendimento”, disse ele, que ressaltou que é importante que as pessoas entendam que esse é um serviço exclusivo para urgências e emergências, e não para o que pode aguardar.

A técnica de enfermagem Vivian Barioni, que atua na praia do Bonete, acredita que a implantação desse serviço é de suma importância, tanto para o profissional que atende quanto para o paciente que está usando o serviço. “Foi um meio disponibilizado para dar qualidade e respaldo para o profissional que inicia o atendimento pré-hospitalar, muitas vezes em situações de muito estresse (devido às condições clinicas do paciente, da própria comunidade e das condições de tempo e mar)”, comentou.

“É de extrema importância a equipe estar alinhada como tem sido feito. Tenho o privilégio de trabalhar com pessoas extremamente dedicadas ao seu trabalho. Meus agradecimentos aos médicos reguladores, enfermeira Mara Abreu (coordenadora), doutor Félix, enfermeira Maria Antônia e enfermeiro Gerson Margarido. Todas essas pessoas são peças fundamentais para o sucesso desse projeto”.