
A Prefeitura de São Sebastião, por meio do Hospital de Clínicas de São Sebastião (HCSS) e Secretaria de Saúde (SESAU) garantiu a compra do medicamento cloroquina que está em falta no mercado para tratamento aos pacientes infectados pelo coronavírus. Segundo o setor de Farmácia do HCSS, um lote com 3.320 comprimidos, de 400mg, foi adquirido pelo governo municipal. Ainda segundo o hospital, a aquisição é feita através de distribuidores de laboratórios fabricantes.
De acordo com o médico infectologista de São Sebastião, funcionário público aposentado do Ministério da Saúde, Dr. Carlos Mello de Capitani, que integra o comitê do Plano Municipal de Contingência para Infecção Humana pela COVID-19, o Brasil já tem uma larga experiência com o medicamento. “A cloroquina é usada contra malária, há muitos anos já no Brasil e temos uma larga experiência com a substância, tanto a de fosfato de cloroquina, quanto a hidroxicloroquina. A hidroxicloroquina é menos tóxica e é usada também em outras patologias, como lupus, artrite reumatóide, doenças do colágeno, no geral; são utilizadas por longos anos nesses pacientes, sem ter demonstrado nenhuma toxidade maior”, concluiu Capitani.
O médico explica ainda, as funções da medicação no combate a Covid-19. “A função no coronavírus (Covid-19) é diminuir a ligação do vírus com a célula que ele vai parasitar. Então, ocorre à diminuição desta ligação, consequentemente o vírus não tem célula para inocular o RNA - ácido ribonucléico, molécula responsável pela síntese de proteínas das células do corpo, cuja principal função é a produção de proteínas – ou seja, não sobrevive, e o vírus não permanece nessa pessoa. Um segundo mecanismo, é a facilitação de entrada de zinco dentro da célula, isto está para ser provado ainda, mas aparentemente é o que ocorre. O zinco, metal encontrado no sangue do paciente, tem a entrada na célula facilitada pela hidroxicloroquina, agindo como antiviral dentro dela. Resumindo, estes são os dois mecanismos mais prováveis de ação da cloroquina. Esses trabalhos embasam o uso ainda empírico da cloroquina, em todos os outros países, e o Brasil, especialmente”, analisou o médico.
Em São Sebastião, o protocolo para uso precoce de hidroxicloroquina, é utilizado a partir do segundo dia do início do quadro clínico dos pacientes, acima de 50 anos que tenha alguma comorbidade, hipertensão, diabetes, obesidade, e a partir dos 65 anos, com ou sem comorbidades, também no segundo dia. A medicação é distribuída na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Centro, e no Pronto Atendimento (PA) de Boiçucanga, Costa Sul do município, unidades de saúde exclusivas para o tratamento de síndrome respiratória.
"Quem se enquadrar dentro destes critérios, acima dos 50 anos, com alguma comorbidade, e acima de 65 anos, sem ou com comorbidades, deve procurar o serviço de saúde. O paciente será examinado pelo médico, vai assinar um termo de consentimento do uso da medicação e ser acompanhado depois pela equipe do Programa Saúde da Família, além de fazer um exame de eletrocardiograma, antes do uso, quer dizer, com todo o cuidado, para não ter risco de algum efeito colateral. Nós vamos enfrentar essa epidemia, tentando segurar o máximo possível, os pacientes nesta fase bem inicial, antes dele precisar ser internado”, concluiu Capitani.
A SESAU presta toda assistência necessária aos pacientes e segue rigorosamente, o Plano Municipal de Contingência para Infecção Humana (PMCIH) do coronavírus, ordenado com os direcionamentos da OMS e governos federal e estadual.