Projeto busca oferecer aulas de surfe para autistas e é realizado com o apoio da Prefeitura de São Sebastião, por meio da Secretaria da Pessoa com Deficiência e do Idoso e do Instituto Gabriel Medina (IGM)

Uma das coordenadoras do Projeto Onda Azul, Sandra Lamb, da Secretaria da Pessoa com Deficiência e do Idoso (SEPEDI) da Prefeitura de São Sebastião, participam de 20 a 22 de junho de um Congresso Internacional sobre práticas de aprendizagem integradoras e inovadoras na cidade de Maceió.

Sandra irá participar da mesa redonda “Caminhos e Desafios da Inclusão de Pessoas com TEA – Transtorno do Espectro Autista – na qual irá expor a prática do Onda Azul no município

Em São Sebastião, o educador físico especialista em Educação Física Adaptada, Ubiratan Mourão, também faz parte da coordenação do Projeto, que busca oferecer aulas de surf para autistas e é realizado com o apoio da Prefeitura, por meio da SEPEDI e do Instituto Gabriel Medina (IGM)

Onda Azul

O Projeto Onda Azul teve sua origem em projeto semelhante que aconteceu na cidade de Florianópolis – Santa Catarina, denominado Surf Azul. A principal diferença do projeto atual é a possibilidade de replicabilidade, não assistida no projeto anterior, que possibilita a aplicação do Projeto em diferentes cidades do litoral brasileiro, desde que cumpridos os critérios de expansão propostos.

A intenção de expandir essa experiência e proporcionar essa abordagem terapêutica para outros autistas já era intenção das autoras, porém impossibilitado por questões operacionais.

O projeto nasceu da história de um amor entre um surfista e uma bodyboarder que se conheceram surfando, se apaixonaram, casaram e tiveram duas filhas. A mais velha foi diagnosticada com autismo aos 4 anos. Na praia, o casal de surfistas brincava com suas filhas e notou que o surf era prazeroso tanto para a Cibele, a filha autista, quanto para a "Kila", sua irmã mais nova.

A mãe, hoje neuropsicopedagoga, Maria Aparecida Feier Goulart, a Kika, leu uma matéria da revista Fluir sobre o jovem surfista Clay Marzo, que se destacava pelo seu talento no surf, e tinha a mesma condição de sua filha, o autismo, e se sentiu inspirada a fazer algo que fosse prazeroso e produtivo para as famílias. Em uma conversa com sua amiga e colega de profissão Sandra Lamb, que já trabalhava com vários autistas, a proposta se tornou um sonho coletivo. Todavia, no momento, em 2003, foi impossível de se viabilizar e, somente em 2015, com a formação de uma comissão que o organizou e o apresentou um projeto para uma associação de surf de Florianópolis, é que o sonho pôde se tornar realidade.

O projeto original provou que não há barreiras no esporte, não há preconceitos; provou que os instrutores de surf, embora não dominem conhecimentos acadêmicos sobre autismo, sabem que o surf é um esporte para todos e que todo autista pode conhecer e apreciar o prazer do deslizar nas ondas, essas que, como disse o surfista e autista Clay Marzo, são brinquedos de Deus.

A experiência de Florianópolis mostrou que os objetivos previstos com os autistas e suas famílias foram alcançados além das expectativas. O desenvolvimento das capacidades sociais e de comunicação, a dessensibilização e desenvolvimento de aspectos sensoriais e a interação social não só com os envolvidos diretos, mas também com os frequentadores da praia, foram alcançados de maneira eficiente e além do esperado.

Vivenciando e acreditando nessa evolução é que o Projeto Onda Azul é de direito autoral das idealizadoras, mas disponibilizado através de contrato de aplicação do projeto (nome, logomarca e metodologia) em distintos locais, com intenção de se tornar viável para autistas de diferentes cidades do litoral brasileiro.

As autoras Sandra Lamb e Maria Aparecida Feier Goulart, presentes na comissão que organizou o projeto original, se mantêm na formação atual, e somadas a outras três profissionais totalizam a equipe detentora da autoria do Projeto Onda Azul. São elas a nutricionista Cláudia de Sá Barcellos Cesarino, a educadora física Letícia Baldasso Moraes, e a psicóloga Sara Monte Uchôa.

O Projeto busca oferecer aulas de surf para autistas, através de um conjunto de metodologias que tem como objetivo proporcionar uma nova abordagem de tratamento, lazer e inclusão para pessoas com autismo através da prática do surf. Dessa forma, aproximando o indivíduo e sua família do ambiente litorâneo, oportunizando uma integração familiar e com a comunidade, além dos diversos ganhos no desenvolvimento sensorial, social e motor da pessoa com autismo.

A organização e execução do projeto é atribuída a duas equipes com pelo menos um profissional responsável em cada: Equipe da Areia e Equipe do Mar, contando com a parceria e colaboração de voluntários, estagiários e profissionais das áreas de educação, esportes e saúde.

Segundo os coordenadores do Projeto, o Onda Azul atualmente se configura como uma onda de amor que está invadindo o litoral brasileiro tornando possível o sonho de levar para famílias de pessoas com autismo uma nova abordagem de tratamento, de lazer e inclusão social, levando aos autistas uma nova forma de expressão e motivação para viverem momentos felizes.